domingo, 23 de outubro de 2011

Livro que usa método inédito de impressão em Braille, Adélia Esquecida chega às livrarias em outubro

Capa do livro Adélia Esquecida, no qual se vê parte de um casaco
Após o sucesso do livro Adélia Cozinheira, em outubro chega às livrarias o livro Adélia Esquecida, o segundo volume da Coleção Adélia, que inovou o método de leitura em Braille ao utilizar um sistema 100% inclusivo.
Este novo método é o primeiro a permitir que uma publicação para deficientes visuais possa, com alta qualidade de legibilidade, ser lido e manuseado por pessoas com e sem deficiência ao mesmo tempo.
Com textos da escritora Lia Zatz e ilustrações da artista plástica Luise Weiss, o livro é destinado inicialmente a jovens, mas, por sua riqueza visual, consegue alcançar todas as faixas etárias. Com texto simples, conta a história da menina Adélia e suas questões cotidianas, em especial os assuntos ligados aos cuidados com ela mesma e à sua autonomia. Aborda, por exemplo, a importância de não se esquecer de amarrar os sapatos, levar o casaco para a escola na mochila etc. Este novo volume da coleção privilegia as texturas dos objetos, visual e tatilmente. O leitor poderá sentir a trama da malha de lã de Adélia, o cordão do seu sapato, o zíper de sua roupa. Além disso, como o livro se utiliza de recursos olfativos, ela também sentirá o cheiro do couro e do jardim, na parte externa da casa, quando Adélia sai para ir para a escola.
O sistema Braille de leitura e escrita resulta da combinação entre seis pontos; a diferença neste inovador processo – chamado Braille BR – está no sistema de impressão, que se diferencia por não furar o papel, permitindo a edição de grandes tiragens, e garantindo ao material uma durabilidade imensurável; e em conjunto com a impressão offset a possibilidade de unir o Braille a cores e texturas com total qualidade na percepção e no aproveitamento do livro para ambos os públicos: visual ou não-visual.
Todos os elementos gráficos do livro foram trabalhados de forma a enriquecê-lo nos três aspectos da percepção humana: visual, tátil e olfativa. Assim, o aproveitamento da obra assume alto nível qualitativo convidando todas as crianças à imaginação e à experimentação.
Essa característica é o grande fator inclusivo do livro, uma vez que, ao democratizar o acesso aos meios culturais e de inclusão social, elimina o isolamento que permeia a vida de crianças com deficiência, na escola ou fora dela.
No Brasil, segundo a OMS, estima-se que há quatro milhões de pessoas com algum tipo de deficiência visual; e 1,2 milhão são cegas.
Com dois volumes no portfólio – Adélia Cozinheira e Adélia Esquecida – a coleção Adélia foi idealizada pela escritora Lia Zatz, com design de Wanda Gomes, que enxergou na sua profissão a possibilidade de criar ferramentas que garantissem maior inclusão às pessoas com deficiência.
Desde o ano em que o sistema Braille foi criado – em 1827, pelo francês Louis Braille – o método nunca havia sido alterado em seus aspectos básicos.
A impressão Braille BR é sobreposta e não prejudica a qualidade da impressão normal em offset. A leitura da primeira não interfere na segunda e vice-versa, e por essa razão é 100% inclusiva. A durabilidade é indeterminada e os pontos não cedem à leitura/pressão dos dedos como na impressão convencional do sistema Braille.
Além disso, a qualidade visual não é prejudicada, já que o novo sistema não rompe o papel e não provoca baixo relevo no verso da folha.
Os caracteres foram ampliados e a fonte foi escolhida com base em estudos e pesquisas realizadas por profissionais de design de tipos para crianças.
O livro traz em suas páginas ilustrações com brilho, textura e relevo, aplicados por meio do processo de impressão serigráfica, a partir de desenhos e fotolitos especialmente confeccionados para produzirem características especiais e variadas sobre as ilustrações de Luise Weiss.
Considerando as necessidades específicas dos deficientes visuais, o design utiliza-se ainda de cores fortes e contrastes, com o intuito de favorecer a leitura e oferecer a maior qualidade de percepção visual possível.
Além disso, conta com a aplicação de aromas em forma de microcápsulas, conferindo aos objetos representados maior capacidade de aguçar os sentidos da criança.
WANDA GOMES
Formada em desenho industrial pela FAAP e pós-graduada em design gráfico pelo SENAC, a paulista Wanda Gomes atua na área do design gráfico desde 1985 e há cerca de 10 anos vem pesquisando as questões do design ligadas à deficiência visual. Responsável pela criação do inovador processo gráfico Braille.BR – método utilizado na impressão dos livros Adélia Esquecida e Adélia Cozinheira – foi a primeira designer gráfica brasileira a levar as questões gráficas do braille para a universidade. Atualmente, é sócia-diretora da empresa WG Desenvolvimento de Produtos e Serviços Ltda e acredita no design gráfico como ferramenta transformadora dos meios de acesso à cultura e à educação.
LIA ZATZ
Lia Zatz nasceu em São Paulo, se formou em Filosofia e desde 1984 se dedica a escrever livros infantis e juvenis. Ganhou duas vezes o Prêmio APCA de melhor autor de literatura infantil, foi finalista do prêmio Jabuti e vários de seus livros receberam o selo Altamente Recomendável da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil.
LUISE WEISS
Graduada em Comunicações e Artes pela ECA – USP, em 1977, com mestrado e doutorado na mesma universidade, Luise Weiss atua como professora de gravura e desenho na Universidade Mackenzie e no Instituto de Artes da UNICAMP. Já expôs obras e instalações na Pinacoteca, Paço das Artes, MASP e MUBE, e publicou livros como Un Pas de Deux, Recortes e Janelas e Dentro do Espelho.
LEI ROUANET
Os livros Adélia Esquecida e Adélia Cozinheira receberam incentivo para produção de três mil livros da IBM Brasil, através do benefício da Lei Roaunet, Ministério da Cultura. A tiragem foi doada a bibliotecas públicas e instituições de ensino.
Adélia Esquecida
Texto de Lia Zatz
Ilustrações de Luise Weiss
Design gráfico de Wanda Gomes
** O sistema de impressão Braille.BR contou com apoio técnico da empresa Efeito Visual Serigrafia, gráfica especializada em alto relevo, que desenvolveu a tinta exclusiva e realizou numerosos testes de impressão e leitura, necessários ao completo desenvolvimento do projeto.

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