segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Entrevista de O Poti repercute e deficiente visual ganha exame e computador

"Sonhos são como deuses: e não se acredita neles, eles deixam de existir". Até parece que a frase do poeta Antônio Cícero foi feita exclusivamente para a adolescente Leyde Catarina do Nascimento Silva, personagem principal da reportagem publicada na edição deste domingo em O Poti sobre a inclusão de alunos deficientes nas escolas de Natal. O sonho da adolescente de poder retornar à escola que havia deixado para trás porque ficou cega e sua escola não tinha condições de lidar com a sua deficiência, está próximo de se realizar.

A matéria teve grande repercussão e, ontem, a direção da Casa de Apoio da Criança com Câncer Durval Paiva ligou para o Diário de Natal e para a mãe da menina, Edilásia Nascimento Silva e se comprometeu em doar o material e os equipamentos necessários para Leyde voltar à sala de aula bem como o exame "equaporina 4" que ela precisa fazer para diagnosticar a doença e poder iniciar o tratamento, o que poderá garantir que não tenha novos surtos e perca outras funções do organismo. De acordo com o presidente da Casa de Apoio, Rilder Campos, a garota vai receber um notebook equipado com softs de leitura de tela, um kit de braille e, ainda, um gravador, que vai permitir gravar e acompanhar todas as aulas.

Além disso, Edilásia Nascimento recebeu ontem uma ligação da Secretaria de Educação do Estado para se reunir com ela e com a direção da Escola Estadual Alferes Tirandentes, no conjunto Santarém, para se chegar a um termo e evitar que a menina perca o ano letivo e prover outras situações que dependam do Poder Público. A primeira parte da promessa já está cumprida, a mãe acompanhou ontem a filha para o exame laboratorial cujo resultado está previsto para o dia 28 deste mês. O exame que custa R$ 470 não poderia ser feito pelo SUS e os pais da menina, desempregados, não teriam como pagar a conta.

Para Edilásia, esse foi um sonho que virou realidade. "Foi uma grande surpresa que certamente vai transformar a vida de minha filha já tão sofrida. Esse exame vai garantir a ela um tratamento que antes não era possível porque não se tinha um diagnóstico. Por isso, quero agradecer de público a seu Rilder, a Fernando e à reportagem do Diário de Natal por essa felicidade que não tenho palavras para descrever", disse emocionada a mãe da garota. Desde que a situação da adolescente se agravou que a mãe se dedicava a ela completamente, é um arotina cansativa, entre médicos, psicólogos e fisioterapeutas.

Entrevista >> Márcia Maria Ribeiro Peixôto

Como a família deve proceder quando tem uma criança com deficiência fora da sala de aula? E, no caso específico da Escola Alferes Tiradentes, qual seria o procedimento correto?


A primeira atitude é buscar o órgão competente, neste caso, a Subcoordenadoria de Educação Especial para comunicar e resolver a situação.

O que a escola deve fazer quando se depara com o caso de um aluno com deficiência e o estabelecimento não conta com recursos nem com profissionais especializados para atendê-lo?

A escola sabe que pode contar com a Subcoordenadoria de Educação Especial principalmente através do Serviço Itinerante e Salas de Recursos Multifuncionais.

Como a Seec tem trabalhado a inclusão em sala de aula?

Estamos contribuindo através dos Cinco Centros de Educação Especial: Natal, Mossoró, Areia Branca, Santa Cruz e Apodi; Centro de apoio Pedagógico para atendimento às pessoas com deficiência Visual - Cap/Natal, Centro de apoio às pessoas com Surdez CAS - Natal e Mossoró, Núcleo de Altas habilidades/Superdotação -NAAHAS - Natal, Núcleo de apoio à aprendizagem do Surdo - NAAS Currais Novos, Núcleo de apoio à aprendizagem do Surdo - NAAS Currais Novos, Programa de implantação de Salas de Recursos Multifuncionais no RN - Atendimento Educacional Especializado, Tecnologia Assistiva, Programa de expansão e melhoria da rede física escolar no RN - acessibilidade, Implantação do Professor Auxiliar/2005, Implantação do transporte escolar adaptado/2005, Matrícula antecipada 2005- 10.676 alunos, Serviço de Itinerância assessoramento a 119 escolas da capital, Formação continuada em áreas específicas da educação especial, Classe hospitalar - 5 entidades parceiras, Projeto de monitoria de instrutores e intérpretes de LIBRAS para a educação básica.

Qual o número de alunos com deficiência que estão em sala de aula?


De acordo com o número do Censo 2010, temos 10.676 alunos incluídos em sala de aula do ensino regular.

E o número de alunos com deficiência que ainda não estão incluídos, quais motivos?

Sabemos que existe uma parcela de beneficiários da prestação continuada - BPC - que ainda não freqüentam a escola,portanto estamos estabelecendo parcerias com as Prefeituras e Promotoria para identificar as causas e no que depender da nossa avaliação encaminhá-los para a escola mais próxima de sua casa.

Quais os principais problemas que têm prejudicado o acesso de pessoas com deficiência, em idade escolar, à sala de aula?

A falta de informação por parte da família que busca em primeiro lugar o tratamento clínico na tentativa de "curar" a pessoa e só mais tarde é que busca a escola. A desculpa ainda usada por algumas escolas que afirmam não estar preparada, quando essa não é mais aceitável. Estamos vivendo um tempo diferente, um tempo que precisamos valorizar a diversidade e respeitar as diferenças.

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